A campanha Setembro Dourado tem como objetivo trazer informações sobre o câncer em crianças e adolescentes e conscientizar a sociedade sobre a importância da detecção precoce da doença, o que possibilita um tratamento menos agressivo e aumenta as chances de cura. Somente no Brasil, a estimativa de novos casos de câncer infantojuvenil para cada ano do triênio, de 2023 a 2025, é de 7.930, sendo 4.230 meninos, e 3.700 meninas.
O câncer infantil é aquele que se manifesta do nascimento até os 14 anos de idade. Já a faixa etária do juvenil é considerada a partir dos 15 anos, com variações do limite superior entre estudos e instituições de tratamento, geralmente, oscilando entre 19 e 21 anos.
Diferentemente do que ocorre em adultos, o câncer em crianças e adolescentes, na maioria dos casos, não tem relação com fatores ambientais ou estilo de vida e tende a crescer mais rapidamente. No entanto, responde melhor à quimioterapia, o que eleva as chances de cura, que podem chegar a 80%.
Os tumores mais frequentes em crianças e adolescentes são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), aqueles que atingem o sistema nervoso central, os linfomas (comprometem o sistema linfático), o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), o tumor de Wilms (tipo de tumor renal), o retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), o tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), o osteossarcoma (tumor ósseo) e os sarcomas (tumores de partes moles).
É importante estar atento aos sinais e sintomas da doença e não hesitar em consultar um médico de confiança, caso a criança ou o jovem apresente algum dos sintomas abaixo:
• Perda de peso contínua e inexplicável;
• Febres recorrentes, sem origem definida;
• Sudorese noturna excessiva;
• Palidez perceptível, hematomas excessivos ou sangramentos, geralmente repentinos;
• Fadiga, letargia, ou mudanças no comportamento, como isolamento;
• Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação;
• Dores de cabeça com vômito, especialmente de manhã ou com piora ao longo dos dias;
• Diminuição da força em braços e pernas.
• Inchaço ou dor persistente nos ossos ou articulações, sem trauma ou sinais de infecção;
• Protuberância ou massa no abdômen, pescoço ou qualquer outro local, especialmente se indolores e sem febre ou outros sinais de infecção;
• Alterações oculares – pupila branca, estrabismo de início recente, perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos.
Os sinais do câncer infantojuvenil são, normalmente, imprecisos e comuns a doenças muito mais frequentes na pediatria. Sendo assim, nem sempre o médico, em uma primeira consulta, tem dados clínicos suficientes para pensar em uma doença com tamanha gravidade. Por isso, o recomendado é que, caso os sintomas persistam, a criança ou o jovem retorne ao médico.
O tratamento é acompanhado por uma equipe multidisciplinar (oncologista, pediatra, cirurgião, radioterapeuta, enfermeiros, psicólogo, nutricionista, farmacêutico e fisioterapeuta). Devido à sua complexidade, o tratamento deve ser realizado em centros especializados e compreende três modalidades principais: quimioterapia, cirurgia e radioterapia, sendo aplicado de forma racional e individualizada para cada tumor, de acordo com suas características biológicas e sua extensão.
A cura não deve se basear somente na recuperação biológica, mas também no bem-estar e na qualidade de vida dos pacientes. Ao finalizar o tratamento, eles ainda são acompanhados por mais 10 anos para acompanhar complicações tardias do tratamento e para detectar precocemente qualquer recidiva da doença.